Escrita & Insanidade
Algumas observações sobre a loucura e a criatividade em "O perigo de estar lúcida", de Rosa Montero
Alguns textos precisam de tempo para serem concluídos; outros, estragam se demoram demais.
Tenho a impressão de que tudo que aconteceu nos últimos meses — em um ritmo bastante frenético — jogou os questionamentos do rascunho deste texto para segundo plano. Toda pessoa que escreve sabe que a criatividade é refém da rotina e das contas pagas — Mark Fisher, inclusive, atribui o aumento do aluguel e a crise econômica como possíveis motivos pelo qual o realismo capitalista se manteve tão forte na produção cultural da Inglaterra, já que a necessidade de trabalhar para pagar contas mais caras mina o ócio necessário para a inovação artística.
De qualquer forma, teimei. Resolvi retomar o rascunho do texto & acertar seu tom.
Em O perigo de estar lúcida, Rosa Montero descreve seu exercício como uma “autópsia invertida da criatividade” — dissecando e analisando individualmente cada parte que faz o cérebro humano de pessoas que escrevem funcionar deste jeito.
Para Montero, a produção artística & criativa está diretamente ligada a um funcionamento anormal do cérebro, movido por extravagâncias, alucinações, desequilíbrios e doenças mentais — e, aqui, a escritora espanhola defende uma horizontalização de que gosto: o funcionamento é comum a “todo indivíduo criativo, da qualidade que for, pois estou convencida de que o pior artista e o mais sublime partilham da mesma estrutura mental básica”.
Resolvi manter o texto porque, assim como nas considerações sobre a Tetralogia Napolitana, de Elena Ferrante, é provável que a resenha saia em outro lugar. A leitura tocou em pontos profundos, precisei organizar algumas sensações, compartilhar impressões e perguntar para pessoas próximas: “ei, não é todo mundo assim?”.
Como tenho alguns textos maiores (e parados) sobre minha família, resolvi manter o exercício para treinar escrever de forma mais expositiva e pessoal. Não sei se tive sucesso, mas agradeço a companhia pela edição.
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Escrita & Insanidade
Três coisas são importantes para entender o caminho de Rosa Montero em O perigo de estar lúcida.
Todos nós somos, simultaneamente, iguais & diferentes. Toda experiência humana vivida ecoa em outras experiências humanas. Conseguimos nos identificar em traumas e amores alheio — e, ao mesmo tempo, notar que cada uma das nossas vivências nos torna singulares (até isolados, já que uma parte da existência sempre escapa à linguagem).
Além disso, a ideia de que existe um “estado neurotípico” para a mente é uma grande mentira. Montero defende que “a normalidade não existe”. Como afirma, “o conceito de normal é uma construção estatística derivada do mais frequente”, ou seja, estabelecemos o que é “normal” simplesmente pelo o que é mais comum, como destros e canhotos. Cada um de nós que existe, já existiu ou vai existir tem uma mente que funciona e se regula de um jeito específico.
Por fim, Rosa Montero defende que uma mente criativa (e, principalmente, aquela que escreve) está repleta de elementos comuns aos utilizados que caracterizam a mente considerada divergente ou… louca. Então, os perigos de estar lúcida que aparecem no livro são os relacionados aos que impedem a escrita.
Ao lado dos dados sobre a incidência de problemas de saúde mental na vida de artistas, como ansiedade, crises de pânico, vícios e, também, altos índices de suicídio, Montero faz um exercício (auto)analítico: reflete sobre diversos escritores e, principalmente ela própria, tentando entender quais foram os elementos que permitiram que estas mentes alucinassem com histórias e as colocasse no papel.
Os elementos sociais e culturais não ficam de fora, mas Montero está preocupada em esmiuçar a parte psicológica. Por isso, tentei fazer um exercício parecido e me colocar na estrutura do que ela apresenta. Como disse, durante a leitura, enviei mensagens para as pessoas. Compartilhei trechos, impressões e as linhas de raciocínio da Montero. Fiz isso não só pelo receio com narrativas de excepcionalidade, mas porque, enquanto eu lia, pensava: todo mundo é assim. Isso que é o normal… não é?
Um vislumbre no espelho radiográfico
Em O perigo de estar lúcida, vislumbramos o funcionamento de um “cérebro mal cabeado”, capaz de manter certa flexibilidade de sentido, deslocar significados e situações de contextos — quase como um trickster — que foge de um processo de amadurecimento.
Quando a mente amadurece, parte das conexões inúteis deveria ser podada para que foquemos no que é útil para a sobrevivência (ainda que eu tenha particular aflição pela lógica da sobrevivência como algo individual e não coletiva, como se pudéssemos sobreviver e reproduzir e comer isolados no vácuo (e aí, quando inserimos o comunitário dentro dessa linha de pensamento, é claro que a variedade e multiplicidade se tornam muito mais importantes do que a narrativa individualizada sugere, logo, o normal é que não haja um funcionamento normal. A neurodiverisdade, por exemplo, deve ser importantíssima pra construção da humanidade como espécie, então, o que é ser normal?, enfim, divago…)) e, neste processo de nos tornarmos “adultos”, perderíamos a parte da maleabilidade da capacidade de criar pois a parte de brincar com os significados não tem mais propósito.
Mas, se há uma importante parcela biológica, existe também uma questão cultural de apresentar as maneiras nas quais nossos “impulsos naturais” se materializam no mundo concreto e, nisto, eu tive uma baita sorte. Tenho pais “loucos”. Minha mãe e meu pai conheceram-se quando entraram em um grupo de teatro amador, já na metade da segunda década da vida — uma paixão “à primeira escutada”, como minha mãe gosta de descrever. Assim que ouviu a voz do meu pai, pensou “uau”.
Nos anos de dramaturgia, minha mãe escreveu, atuou e dirigiu. Formou-se em artes cênicas e artes plásticas, enveredou para as aulas e deu aulas de teatro em colégios e universidade. Meu pai formou-se em história, também foi para o colégio e ambos fizeram um mestrado na área de pedagogia — e ambos distanciaram-se da educação cada vez mais, até o rompimento completo.
Mas, à parte os parcos resumos profissionais, ambos sempre fizeram muita coisa. Em uma lista mista com as experiências, foram cursos de cerâmica, de dança, grupos de pesquisa & organização de eventos sobre narrativas orais. Desenhos e poemas perdidos são encontrados pela casa, principalmente em cadernos antigos. Parte dos quadros aqui de casa são da minha mãe (meu preferido é feito de uma camada de luvas de plástico costuradas juntas pintadas de betume. O efeito simula uma pele, porque o quadro foi “enrugando” e rachando ao longo do tempo, como se envelhecesse).
Nossa casa sempre foi repleta de livros, volumes que vinham dos passeios aos sebos, presentes de amigos… Só deixei de dormir perto de estantes durante um intervalo muito curto da adolescência — e isso deve explicar parte da minhas crises recorrentes de bronquite quando criança e também minhas paixões.
Antes de descobrir que era das letras que eu gostava mais, tive um processo de crescimento “bastante experimental” (e por isso desconfiei quando Montero descreveu como algo exclusivo aos não amadurecidos & aos mais flexíveis. A mim, a arte soa muito instintiva).
Tento resgatar algumas situações de memória e consigo elencar algumas coisas.
No meu primeiro aniversário, meus pais pintaram minhas mãos e sai carimbando a casa de tinta. Lembro de brincar com recortes e colagem (tanto para fazer “novas histórias da Turma da Mônica”, como para fazer zines ou só novas gravuras ou retratar animais em cartões.). Tive uma época em que tentei montar coisas e inventar mecanismos. Juntar rodinhas soltas e parafusar em uma madeira, fazer algum dispositivo investigativo importante ou criar esculturas com latinhas de refrigerante que sobravam do bar do meu avô. Lembro de fazer stop motions usando os desenhos de clipart e o Power Point (menção honrosa para a história de um avião que batia em uma bomba e as pessoas iam comer torta, ou algo do tipo.). Escrevi uma fanfic de Toy Story — uma aventura do Buzz Lightyear que eu escrevia com uma fonte estilizada, sentado na cadeira cheio de parafernálias, coberto por um lençol estrelado, como se eu estivesse numa nave.
No colégio onde tive bolsa, fiz aula de flauta e participei do coral. Em um surto, fiz parte de uma suposta banda (e uma única apresentação em que travei de vergonha e minha voz não saiu.). Pintei alguns quadros com a minha mãe nas aulas de artes. Fiz aula de desenho quando fiquei fã de mangás & animes. Entrei em cursos de design de jogos, tentei fazer esculturas, desenhar musculaturas e criar artes digitais em 2D e 3D. Entrei numa faculdade de cinema, aprendi a escrever roteiros, filmei algumas coisas (e até atuei). Trabalhei com fotografia e juntei dinheiro para comprar uma câmera e aprender a fotografar.
É como diz o sábio meme: fazer de tudo & fazer mal. Cada uma das experiências tem vários fracassos e vergonhas que viraram causos divertidos. Hoje, não tenho dúvidas de que minha linguagem é o texto. Quando eu estava no último ano do colégio, talvez fosse um dos mais desanimados da minha sala. Lembro das pessoas conversando animadamente sobre os cursos e faculdades e a única coisa que eu dizia era “sei lá, sei que quero escrever”.
Ter algo rodando no plano de fundo, 24 h/dia, sete dias por semana, sempre me pareceu comum, algo que sempre surge quando há as condições econômicas/sociais/emocionais/etc. adequadas.
Escrever é perder/ganhar a sanidade
Além da criação constante, há outro levantamento de Rosa Montero que me deixou intrigado: pessoas consideradas criativas passam por um trauma quando pequenas — um trauma específico que constrói um senso precoce de responsabilidade e secciona o indivíduo em duas personalidades; uma voltada para a proteção, outra, mais sensível.
Mas não passamos todos por traumas significativos quando pequenos? Traumas que são pontos-chave no processo de crescimento, amadurecimento, compreensão do mundo, da morte, da individualidade e fazem parte da experiência humana padrão? …ou, mais uma vez, desconfio por que me identifico?
Um dos eventos mais importantes da minha vida foi o acidente de uma das minhas três irmãs.
Em 2001, quando a humanidade resolveu popularizar o aquecimento a gás nos chuveiros, todos os modelos vendidos eram uma bosta. O controle da era feito pelo usuário, dentro do banheiro, como uma grande boca de fogão. Parece uma ideia excelente, certo? (E, se me lembro bem, o gás não tinha o aditivo no odor, como no gás de cozinha, se tornando completamente inodoro. Era bastante revolucionário.)
Em um dia desses (que foi 12 de setembro), depois de terminar o banho, minha irmã apagou a chama do chuveiro, mas o gás continuou vazando — sem ventilação e com as janelas fechadas, não é difícil imaginar que em pouco tempo ela asfixiou e desmaiou. Meus pais acharam que havia algo de errado. Ouviram sons estranhos e suspeitaram da demora. Arrombaram a porta.
Eu me lembro de bastante coisa. Ela e uma amiga do colégio passaram a tarde e a noite em casa. Eu, como um bom irmão mais novo, fiquei por lá. Atrapalhando a vida social dos outros. Pouco tempo depois da amiga ir embora, ela foi para o banho. Ainda fiquei um tempo no quarto dela. Estava brincando com meu tazos da coleção do Looney Tunes — um deles caiu atrás da beliche dela e eu não conseguia pegar sozinho.
Lembro do meu pai investindo contra a porta com o ombro. Quando a porta do banheiro foi escancarada, ela estava pronta: desmaiada na frente da porta, prestes a sair. Uma calça e uma camiseta cinzas de pijama, uma estampada da Minnie. A toalha estava enrolada na cabeça, como ela sempre fazia.
Fomos para o carro. Minha mãe dirigia. Meu pai estava com ela no banco de trás. Fui no porta-malas, sem o tampão. Pela falta de jeito, precisei segurar o nariz dela enquanto meu pai fazia a respiração boca a boca. Queria lembrar da direção alucinada que fizemos até uma unidade fechada da Unimed no centro de Santo André. Mas eu só conseguia olhar para ela, desacordada.
O período de internação que se seguiu, noite a dentro, não foi dos mais agradáveis. Tínhamos um cobertor na sala de espera e aqui as coisas começam a ficar confusas. Já não sei se lembro do primeiro dia, do segundo ou se foi depois das transferências. Enfim.
Faltava pouco menos de dois meses para o meu aniversário de sete anos.
Não sei quão familiarizados vocês estão com as notícias de intoxicação a gás, mas a taxa de sobrevivência é baixíssima. Ela, no caso, sobreviveu. Alguns danos cerebrais afetaram sua coordenação motora, sua capacidade de locomoção e dicção, mas as partes de linguagem, pensamento e consciência ficaram intactas (e ela escreve, inclusive. Já ditou um livro e dita poesias).
Dizem que, durante as primeiras sessões de fisioterapia, eu pedia para fazer o exercício primeiro. Se doesse, não ia deixar fazer nela. Ao longo da adolescência, evitei sair de casa. Tive alguns problemas de relacionamentos, tanto com amigos quanto namoradas, mas priorizei estar à disposição.
Inclusive, tem um truque na configuração do trauma que Rosa Montero apresenta. Citando outra pesquisadora, diz:
Lola López Mondéjar acrescenta um requisito para que a criação floresça: ela diz que, para que a obra nasça, não basta o trauma infantil e essa dissociação entre a criança ferida e a que cuida; também é necessário que, antes do abandono da figura daquele adulto que demonstra ser pouco fiável, isto é, antes do trauma, a criança tenha se sentido amada. Que bela precisão, e como isso ressoa dentro de mim. Sim, eu me senti muito amada.
O que, no meu caso, também foi a mais pura verdade. Uma das primeiras internações que minha irmã fez depois do acidente foi em um hospital em Brasília. Poucas pessoas puderam ir com ela — e ela odiou cada minuto lá.
Quando entrei de férias do colégio, fui visitá-la. Assim que ouviu minha voz, sorriu pela primeira vez depois do acidente. Então, é… sempre houve muito amor.
Mas o acontecimento também abriu a porta para vários elementos que Rosa Montero cita no livro — e tentarei enumerá-los de forma mais corrida e sintética, para não me alongar.
Em primeiro lugar, as obsessões com o tempo e a morte. Lembro de assistir a um documentário dos dinossauros (eu era novo, não tenho certeza se antes ou depois do acidente) que ia do surgimento à extinção. Eu fiquei descaralhado da cabeça e acabou virando uma história comum na família.
Primeiro, porque entendi que tudo acabaria. A vida é um ciclo, não ia sobrar nada de nós (eventualmente). Depois, porque, se ninguém falava da sobrevivência dos dinossauros no pós-vida, eles não foram para o céu… mas, se não tem paraíso para os dinossauros, então o nosso paraíso também era uma mentira. Logo, se vamos morrer e não tem vida após a morte, por que vivemos? Qual o sentido da vida, já que tudo vai acabar e desaparecer?
(Importante dizer que eu também era uma criança cuja primeira profissão dos sonhos era ser astrônomo, então eu já conhecia o famoso causo da expansão do Sol.)
Talvez eu tenha feito essa pergunta vezes demais para minha mãe, enquanto ela, sem jeito, dizia que também não sabia. Mas, já que estávamos vivos, o que a gente podia fazer era tentar o melhor com o que a gente tinha. Demorei um pouco para ficar em paz com a resposta.
Ao mesmo tempo, surgia percepção de que a existência é uma coisa restritiva. Tantas coisas poderiam acontecer, vários desdobramentos seriam possíveis. Incontáveis vidas poderiam estar sendo vividas agora. Montero relaciona tais questões com uma hipersensibilidade do lado receptivo, apartado durante o evento traumático. É o motivo pelo qual, por exemplo, sensações de contato com o sublime, a magnitude da existência, tocaria mais frequentemente as pessoas criativas.
No entanto, a secção cria outra complexidade. Isolado e apartado, o lado receptivo não consegue se manifestar sem a mediação do lado protetivo — assim como não recebe os estímulos sem o mesmo intermédio. Por isso, haveria uma sensação de apatia, solidão e desconexão para quem escreve. Como se as emoções demorassem a vir, ou viessem com uma sensação de estranhamento (uma das minhas grandes frustrações, por exemplo, é porque acho que não sinto saudades como deveria. Uma desconexão com os outros, a percepção de uma falsa solidão).
Na linha de pensamento da escritora espanhola, a escrita aparece como uma forma de mediar a existência. Uma forma de processar os pensamentos e colocá-los no papel. Pessoalmente, penso que a compreensão aparece justamente no espaço intermediário, no limbo do ato de escrever — mas não no texto finalizado. Nem o impulso primordial, nem as palavras dispostas refletem a iluminação que surge no processo, como se o importante fosse dissipado com o calor do esforço da escrita.
Ao mesmo tempo, a relação com a escrita acontece em picos. Há dias de estupor e fascínio, em que a escrita te prende. Preenche suas horas. Gera alegria e satisfação. Vontade de compartilhar aquilo que descobriu, que sentiu. Em outros, é a angústi e frustração.
Um dos textos de
reverbera bastante a relação entre escrita e relacionamentos sociais que Rosa Montero propõe no livro (é um em que Valek fala da relação entre leitura, escrita e a expectativa da leitura por amigos). Muitos escritores entendem o texto como a melhor parte de si. Perdem sono. Enfraquecem laços. Abrem mão de ganhar mais dinheiro ou ter mais saúde para escrever. Passam por períodos de angústia e dor. Muitas vezes, horas de dedicação. Formas de apurar a vista, enxergar o mundo, destilar aquilo e se apresentar sem filtros. Às vezes, sem empolgam com aquilo que escreveram.É de se esperar que alguns se frustrem com a rejeição do texto. É egocêntrico? Possivelmente. Mas, nesse ponto, acho que já aceito a ideia de que talvez seja tudo muito maluco mesmo.
Eu vivo na angústia da escrita. Sem romantização: não é que a escrita precisa ser dolorosa ou essa coisa do escritor mártir. Mas penso muito no valor que há de existir sem ler e escrever. É a resposta que procurei sobre o sentido da vida: se vamos fazer o melhor com o que temos, é o que tenho.
Escrever é a forma que tenho de organizar os pensamentos. Vai ver, não é normal que pessoas se interessem por sonhos, fungos ou tricksters e escrevam uma série de textos em uma newsletter para compartilhar as coisas que gosta, organizar os pensamentos e compreender como essas coisas se relacionam com o mundo.
O grande perigo de estar lúcido, agora, seria não compreender o pedaço que compartilhei daquilo que sou. Compartilho, porque é assim que faço a mediação da realidade. Claro, não posso ignorar o fato de que, enquanto vocês leem esse texto, estou longe, distante e protegido pelas palavras.
Me exponho sem precisar olhar para ninguém ou lidar com a realidade imediata & não mediada das sílabas. Mas, talvez, eu nem consiga.
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No último mês, eu:
Participei do episódio: “30:MIN 497 - Damas da Lua, de Jokha Alharti”.
Li com todo esse atraso mas achei que valia vir aqui agradecer pelo texto. Me deixou com vontade de escrever sobre a minha relação com a arte, que é completamente diferente da maioria das pessoas que escrevem ou ambicionam escrever. Inclusive talvez por isso eu não tenha escrito ficção nos últimos anos e não sinta tanta falta. Mas vou refletir mais a respeito.
Enfim, o comentário não era pra ser sobre mim, obrigado por compartilhar também a história da sua irmã, foi muito sensível o seu relato. E você está "escondido" atrás do computador mas essa edição funcionaria muito bem como uma palestra, fica a dica.
Gostei muito da sua reflexão no jogo com a experiência pessoal. E também achei bem generosa com o livro, que estou entendendo como bem problemático,rs. Já já termino a leitura e aí tentarei trazer os pontos mais críticos. Vou salvar seu texto de contraponto aqui. Beijo